A efémera perenidade do teu amor
Sonhei que me querias
Que me amavas
Que me dizias, eufórica e complacentemente, que somente a mim tu pertencias
Que a tua alma me oferecias, que eras minha
Que só para mim os olhos tinhas
Que do meu olhar a tua paz e alegria dependiam
Dizias que seria eterno
O sentimento que me juravas
Que era verdadeiro, sim, que o era por certo
Enfeitiçado pela brandura da tua voz,
Dei-me a ti por completo
Entreguei-me aos teus encantos, tornei-me cego
Mas se até a chuva que impetuosamente cai, cessa
Cessou a primavera da tua paixão
Caindo, no outono, as folhagens do teu amor,
Deixando em mim uma imensa cratera de pranto manifesto sem pudor,
Em meus piores sonhos não ousara sonhar com tamanha dor
Que hoje trespassam-me impetuosamente as entranhas,
Roçando as chagas que a tua ausência sem causa deixou
Se um dia me amaste, ao certo, não sei, mas desejei
Foi perene enquanto durou, e daí se foi
Extinguiu-se a efemeridade temporária do teu amor,
Que hoje jaz na tumba da lembrança, já sem fulgor
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O sono tornou-se profundo então eu descansei!