A efémera perenidade do teu amor

Sonhei que me querias

Que me amavas

Que me dizias, eufórica e complacentemente, que somente a mim tu pertencias

Que a tua alma me oferecias, que eras minha

Que só para mim os olhos tinhas

Que do meu olhar a tua paz e alegria dependiam

Dizias que seria eterno

O sentimento que me juravas

Que era verdadeiro, sim, que o era por certo

Enfeitiçado pela brandura da tua voz,

Dei-me a ti por completo

Entreguei-me aos teus encantos, tornei-me cego

Mas se até a chuva que impetuosamente cai, cessa

Cessou a primavera da tua paixão

Caindo, no outono, as folhagens do teu amor,

Deixando em mim uma imensa cratera de pranto manifesto sem pudor,

Em meus piores sonhos não ousara sonhar com tamanha dor

Que hoje trespassam-me impetuosamente as entranhas,

Roçando as chagas que a tua ausência sem causa deixou

Se um dia me amaste, ao certo, não sei, mas desejei

Foi perene enquanto durou, e daí se foi

Extinguiu-se a efemeridade temporária do teu amor,

Que hoje jaz na tumba da lembrança, já sem fulgor

*****

O sono tornou-se profundo então eu descansei!

Valério Maúnde
Enviado por Valério Maúnde em 27/01/2017
Código do texto: T5894230
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