BICHO-DA-SEDA
A tristeza entrou porta adentro,
empapando de angústia pensamentos.
Emaranhou os fios de seda
dos reles sentimentos de uma vida malfazeja.
A dor, sorrateiramente, me invadiu.
Meu mundo caiu.
O azul de minha aura desbotou
e de cinza os meus olhos pintou.
As flores murcharam no jardim.
A lua deixou de brilhar para mim
porque o amor fugiu a galope
na adúltera companhia de um velho mote.
Doeu tão profundamente leviano beijo
que – torturando-me o medo –
noites e noites a fio,
reacendeu-me a chama brio
perdida no rosário de ilusão.
O bicho-da-seda aprendeu com a dor da solidão
que a desventura também alimenta a crisálida
que se encontra recolhida na alma
com ânsia louca de refazer velhas gretas,
abrir as asas e alçar o voo leve de borboleta!