Ponto Final.
Não me assusta a ida
Nem me assusta a volta
Não me assusta o pranto
Nem tão pouco a dor;
Não me assusta o grito
Vil e sufocado,
Não me assusta a ira
Nem a falta de amor.
Não me assusta a fome
Tão pouco a miséria
Não me assusta a vida
Não me assusta a morte;
Não me assusta o erro
Nem mesmo o acerto
Não me assusta o azar
Nem tão pouco a sorte.
Ser pobre não me assusta;
Assusta-me ser rico,
Assusta-me ter ódio,
Assusta-me a ganância;
Assusta-me o capitalismo
Matando por ninharia,
Assusta-me ver que a vida
Aqui tem pouca importância.
Por tão pouco aqui se morre,
Por tão pouco aqui se mata,
Até por nada se vive
Depende da criatura;
E aos olhos de quem não vê
O irmão em trapos “vestido”
Como aqui o espaço é pouco
Resta-lhe a vil sepultura.