Amor insólito

Cansou-se de amar

Por mais que estivesse amando

Esqueceu-se do quanto foi amada

Encheu-se dos clichês

das repetitivas formas nominais

Mas nunca deixou de nomear

Insistiu em chamar

Gritando

Clamando

Armando

Amando

Fernando

Querendo

Dengo

Chamego

Aconchego.

Rendeu-se

Entregou-se

Despiu-se

Cedeu

Conseguiu

Sentiu

Casou-se

Amargurou-se

Feriu-se

Cansou-se

Resistiu

Insistiu

Persistiu

Desistiu

Ouviu:

‘’Me beija’’

Não deixa!

Chega!

Se mexa!

Vaza!

Nem tudo passa

Corrói

Sei que dói

Condena

‘’Ah! Que pena!’’

Reza

Peça

Desuni

Puni

Amassa

A massa

Destrata

Maltrata

E quebra

A bela

A fera

Recatada

Destratada

Do lar

Do bar

Do mar

Reage!

Não cale!

Fale!

Saia!

Curta!

Saia curta

Sem burca

Busca

Cutuca

Inspira

Respira

Arrisca

Não pira

Não vira

A mira, a mina, a vida dele

Porque ele, sem pena

Te deixa

Sem cena

E você, antes:

Serena

Fica:

Pequena.

Então, Lorena

Te peço:

Cuidado!

O mundo

Te caça

Te pega

Te traça

Te leva

Te cansa

Assim como ela

De trança,

Amanda,

Amando

Cansou-se de amar.