Nocaute de sentimentos
O amor às vezes chega em contas coloridas,
formando finas pulseiras coloridas com linhas frágeis,
balançando aos gestos mais amplos,
prendendo-se em maçanetas e alavancas,
rompendo-se ao sabor do destino,
correndo para as viélas de concreto das cidades,
espalhando-se sem volta no destino dos passantes,
perdendo-se no espaço e nas memórias,
deixando somente aquela marca de sol no pulso,
aquela vaga sensação de algo que deveria ainda estar lá...
O amor às vezes torna-se aquela última garrafa de cerveja,
aquela vontade de entorpecer os sentidos,
de alegrar-se na tristeza mais infinita,
de esquecer o que machuca a alma,
um beijo não correspondido,
uma mensagem não respondida,
um olhar desviado,
no amargor de uma ressaca vindoura,
deixando para o amanhã as preocupações de hoje,
aquele gosto gelado de algo jamais resolvido...
O amor às vezes revela-se um luta inglória,
vários rounds perdidos na arena da vida,
muitos socos trocados com muralhas intransponíveis,
um auditório surdo ao sofrimento alheio,
apostas em punhos doloridos,
gongos acorbetados por barulhos insensíveis,
timings eternos para olhos já inchados,
lágrimas misturadas ao suór de perdas anunciadas,
nocaute de sentimentos soterrados por mágoas,
aquele gosto de sangue terroso em um meio sorriso derrotado...