Desprezo.

Toda essa distância

Que um dia doeu tanto

No meu coração

Hoje, não dói mais, não

O tempo fê-la tão mansa

Hora após hora

ano após ano

Vivendo sem fazer parte

dos planos de ninguém

Qualquer coração se cansa

Outro dia eu plantei uma ameixeira

Que morreu, secou por inteira

Foi culpa minha

Pois eu não cuidei

Descobri naquele dia

Que minha saudade

era mais forte

Que a árvore de maior porte

Cravado a vida inteira

No solo infértil do meu peito

Vergava mais que a laranjeira

Escaldado pela frieza

Que emana de qualquer desprezo

Crescia e ganhava peso

Mas um dia se esqueceu

Por quê vivia

E acalmou-se

O tempo trouxe-lhe a fleuma,

A mansidão

e a compreensão

Agora ela ainda vive

Porém

Não se lembra de ninguém

Portanto

Não dói mais, não.

Edson Ricardo Paiva