Não te reconheço

Eu estou cego

A neblina forte levou a memória

E os ventos nossa história

Que terminou cedo

Jurava que eras de verdade

E que tinha a felicidade

De saber que estavas comigo

Pedia-te até um abrigo

Como uma miragem

Sumiste na seca paisagem

Se um dia voltar, não te reconheço

Viraste apenas um alguém

A tua voz ficou muda

Em meus ouvidos, surda

Passo pelo teu lado e não te vejo

Um ser invisível e sinto o indesejo

Talvez um fantasma apareça

E mesmo assim não te recomeço

És, pra mim, um morto pedaço

E me recuso a lembrar dos abraços

Daqui alguns meses, mexerá em meus móveis

E eu ficarei assustado ou indiferente

Com ser dito "decente"

Querendo voltar aos contos amáveis

Meus olhos de pedra escurecem

Toda mente e não amanhecem

Para ver um possível rosto artificial

Indolente, ilegal

Não tente aparecer novamente

Eu não te reconheço

E nem faço questão que transpareça

Teus espaços transparentes

Toco em uma flor

E vejo sinto aquela cor

Em minhas mãos frágeis

Corto em fatias rasgáveis

Era tua foto ali dentro

Agora, eu apaguei.

Sofia do Itiberê
Enviado por Sofia do Itiberê em 07/09/2016
Código do texto: T5753694
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.