Daquele cabelo liso
No ferro que marcou minha pele senti o cheiro daquele cabelo liso.
No entornos dos lugares que eu parei estava o cheiro daquele cabelo liso.
Nas tonturas da embreaguez que eu bebi eu só sentia aquele cheiro maldito.
Nas formas de uma bela mulher eu só tocava aqueles fios compridos.
No meio-dia dos meu pensamentos eu só queria a sombra daquele cabelo liso.
Na encosta do castelo que construí era ali que estava meu riso.
Quando acordei o que eu encontrei na minha cama foi aquele cabelo liso.
Que cheiroso encobria o tédio de um dia cansativo.
No conforto dos ensaios de uma peça eu pensava no cabelo liso.
Covardes fios que me deixava um tanto desprotegido.
Meus pensamentos sempre paravam naqueles fios compridos.
Que de amores enrolei todos meus escritos.
Quando temi a solidão lembrei daqueles cabelos compridos.
Quando comecei a levantar foi me segurando naquele cabelo liso.
Quando mordi minha língua praguejando meu sexto sentido.
Arrependido daquele cabelo ter esquecido.
Minha libido ordenou trazer de volta aquele cabelo comprido.
Na ordem da saudade que guardava ainda com carinho.
Sabedor que só mais um dia queria estar perdido.
Naqueles belos fios de um cabelo lisos.
Lisos.
Pretos.
Compridos.
Perfeitos.