SEU OLHAR NO AMANHECER...

Somente eu ali sabia...

Naquele dia tudo teve um fim

O sol depois do seu caminho azul

Perdeu o brilho d'ouro de Istambul

Levando todo amor... Você de mim...

E o vento exterminou o dia...

Num cataclismo que riscou o céu

Em fogo sem o azul, bradou corisco

Queimando o amor em seu mais lindo aprisco

E um verso em cinza branca ao meu papel...

E olhando a noite que engolia...

A claridade dos seus olhos belos

Nos meus deixando em brasas, apagados

Com ventos em rajadas pelos lados

Levando aos chãos de areia os meus castelos...

Sentindo... A madrugada erguia...

Um manto, a vastidão, a lua e a treva

Que da janela desfilavam estrelas

O meu celeste alento, pois ao vê-las

Brilhava uma esperança, à luz longeva...

Cansado em lágrimas dormia...

À entrega de um sonho em meu desejo

Minh'alma sobre as vagas sombras suas

Caminhava solitária pelas ruas

Sentindo o amanhecer na luz de um beijo...

Ó céus, me revelai alegria...!

No orvalho a escuridão em mim cedia

E num roçar à minha face a brisa

Tão lisa, pura e suavemente à guisa

De suas mãos a fonte da poesia...

E o sol em nova aurora a me trazer

A luz do seu olhar no amanhecer...

Autor: André Luiz Pinheiro

08/08/2016