O grito do seu silêncio
De tanto nunca ouvir a tua palavra não dita
Do teu silêncio que ecoa e dói em meus ouvidos
Da expressão de distancia real e infinita
Do mutismo de tua boca em altos bramidos
De quando há tempos desejei sentir a tua voz
De andar o mesmo caminho sem jamais te ver
De uma mórbida surdez que se instalou em nós
Da afrisia de momentos de quase enlouquecer
Tomei a dura decisão de falar só comigo
E todas as manhãs apenas te dizer bom dia
Despedi-me da esperança de ser teu amigo
Assim levamos a vida sem muita alegria
E busquei só em mim o verdadeiro abrigo
Taciturno no concreto, me fechei em dores
Eu mesmo me coloquei no mais duro castigo
Sem ver que no jardim morriam minha flores.