Dormimos, cochilamos

Dormimos, cochilamos

Difícil dar adeus

quando a mão não quer acenar

A palavra arranha a garganta

e sai em lágrimas soletradas

Partir é preciso

O amor já se completou em nós

Ficar irá estacionar a emoção

E o corpo tem que movimentar

Precisamos do ir e vir

Entrar e sair e entrar

Antes e depois sempre

Para começar depois

E depois ser início

Dormimos; cochilamos

Difícil é acenar

Quando a boca silencia o adeus

A mão se esconde e recua

e corre para secar a dor

Amar é preciso

Mas partir, também, é preciso

A emoção deve ser contínua

Antes, sempre, depois; movimento

Precisamos do vai e vem

Aqui, agora, alhures

Hoje, amanhã, ontem

Para começar amanhã

E ser sempre o agora

Dormimos, cochilamos

Mário Paternostro