AMBIGUIDADE
AMBIGUIDADE
autor: j.r.filho.
Este sentimento que de mim, às vezes, toma conta
inebriando-me a alma, deixando-a, às vezes, tonta;
entra em mim feito misto de descaso e dependência
cuja dualidade vai, às vezes, da ojeriza à subserviência.
Crupiando este jogo, de cartas não marcadas,
no qual, a volúpia dá lugar àquelas descartadas,
sinto-me vazio, perdido, esquecido no bagaço
desejando estar no “morto”, procuro-me e não me acho.
A desfaçatez, forçada, estrangula as aparências...
O desejo reprimido suga do sexo, volátil, a sua essência.
Momentos, vividos, são perdidos no vácuo da ilusão
sobrando a agonia, quase sempre presente, no tempo da razão.
Estas bruscas mudanças, que me esfriam e me aquecem,
São, na realidade, sonhos que meu ser enlouquecem
E de tanta angústia que me invade a alma, após cada episódio,
Sou tomado, às vezes, por um sentimento similar ao ódio.
Amélia Rodrigues-Ba. 07 de março de 2003.