A SEREIA
Pego-me custeando tuas andanças pelos litorais.
Pego-te costeando em águas de outros mundos,
Como gata à espreita, experta na arte da caça.
Teu brilho esfumado de mulher navega silente
Entre os arrecifes desesperadamente eternos,
Como a desafiar o poder das águas movediças.
Teu cheiro de maresia me corrói por inteiro,
Clamando-me a abandonar a areia da praia,
Chamando-me pela languidez de teus olhos
Quebro meus tais limites sanos e sagrados,
Sentindo as águas desenhando-se em mim...
Tua mão guia-me, navega-me, sequestra-me.