Arrebentação
Eu,
que sempre tive o medo de partir,
mas era a casa de um desejo
nômade constante,
já não sei ficar.
Sinto o peso dos fins como passaportes
para começos infindos.
É um alívio deixar que as pessoas tomem seus rumos,
distante da responsabilidade de ter que cuidá-las.
Bem como um vazio... de seguir
querendo que, um dia,
um sentimento imenso me prenda em sua órbita;
Para girar num propósito tão certo em mim,
que a dúvida jamais poderia penetrar meu coração.
Mas, esta noite,
duvido que o que sinto possa me conceder mais que a tragédia.
O gosto que fica depois que lhe tiram a luz,
é escuro e amargo, tanto e absoluto, que se não restar nem sombra de esperança,
(v)ira: o vermelho mais triste das sentenças.
De quem fez-se lobo
justamente para assegurar paz às ovelhas.