Como Ousas?

Como ousas ferir a moral límpida do meu sentimento, determinar o que eu sinto, e afirmar que não se denomina amor? Tu não cansas de demonstrar conduta petulante e fria abaixo de zero, capaz de aterrorizar o mais hediondo coração. Não é de causar espanto a mim nem a ninguém, pois de tu, que és um ser árido, não espero amor, amor não brota de um vazio de sentimentos, nem ciúmes consegues ter, nem alegria de viver, prefere se manter soterrada num mundinho que só tem vida dentro da sua cabeça e entre as quadrelas do seu aposento, me vejo assim açodado, escrevendo com iminência e precipitação, pois me enoja, tocar num assunto tão lançadiço, ínfimo, diminuto, eu diria até desdenhável, não há elucidação que fundamente a maneira com que me tratas, não seras isenta da culpa da frieza exorbitante para com quem só lhe concedeu apreço, benquerença, ternura, afeição e devoção. Por hora, confesso, minhas veias mais parecem nascentes, e nelas a fluir estão as lágrimas deslocadas dos meus olhos, meu olhar sofrido e meu corpo pesado, flagelado, açoitado e indigente de amor, não suporta mais penar, recolho meu coração que um dia foi usurpado, e retenho-o bem longe do teu caminho, me retiro desse infortúnio e pechincho a Deus piedade de mim.

Ricardo Letchenbohmer
Enviado por Ricardo Letchenbohmer em 07/03/2016
Reeditado em 07/03/2016
Código do texto: T5565842
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