Malversando

Escuto o que a manhã laboral nos diz

Além da fogueira solar que arde aqui;

Ela joga minha preguiça de ser infeliz,

Na impossibilidade de laborar por ti...

Se fosse qual Hércules, doze trabalhos,

Eu iria os faria, presto volveria contigo;

tiras de esperança, colcha de retalhos,

cosendo tal mosaico teimoso, inda sigo...

Há ovos estranhos em ninho de perdiz,

Que é inocente juraria com asas postas;

o desamado, no fundo, um Atlas infeliz,

co’um mundo de desenganos nas costas...

Existe males maiores alhures, e bem sei,

Conforme a seara cada um toma o arado;

só o que difere é que meus males, versei,

Por desajuste a esse destino malversado...

Sendo isso que tem pra hoje, o que fazer,

Sofrer a esse aguilhão que dores inspira;

amiúde, mal maior talvez não seja perder,

porém, ainda crer que vento avesso vira...