Antídoto
Um embrulho indefinido, sem signo
alojou-se em meu estômago.
Pode ser a pedra que engoli
indigerível, junto ao surdo grito
abafado pelo incômodo.
Sempre costumei fugir do conflito
mas por vezes vem insuportável
e quase incontrolável ímpeto
de mostrar unhas e dentes
chacoalhar a pretensão
e secura do oponente
afoga-la, curar sua mágoa
na base da surra abstrata
dolorosa, latente nas palavras
egóicas da mente.
Mas quem sou...
para dar-me deliberadamente
o troféu da certeza?
Prefiro mesmo engolir os sapos - e digeri-los!
Que impregnar minha alma
dessa espreitadora frieza.
Sempre à ronda, atenta às frestas
num segundo nosso de fraqueza.
Tenho suficiente força
para digerir a indiferença
áspera, convenientemente
disfarçada de nobreza.
P.S.: Sou grata à ti, que mesmo virulento, me estimula à resposta autoimune e acabo por criar a cura pela necessidade de poetar o sentimento.