Antídoto

Um embrulho indefinido, sem signo

alojou-se em meu estômago.

Pode ser a pedra que engoli

indigerível, junto ao surdo grito

abafado pelo incômodo.

Sempre costumei fugir do conflito

mas por vezes vem insuportável

e quase incontrolável ímpeto

de mostrar unhas e dentes

chacoalhar a pretensão

e secura do oponente

afoga-la, curar sua mágoa

na base da surra abstrata

dolorosa, latente nas palavras

egóicas da mente.

Mas quem sou...

para dar-me deliberadamente

o troféu da certeza?

Prefiro mesmo engolir os sapos - e digeri-los!

Que impregnar minha alma

dessa espreitadora frieza.

Sempre à ronda, atenta às frestas

num segundo nosso de fraqueza.

Tenho suficiente força

para digerir a indiferença

áspera, convenientemente

disfarçada de nobreza.

P.S.: Sou grata à ti, que mesmo virulento, me estimula à resposta autoimune e acabo por criar a cura pela necessidade de poetar o sentimento.

Jady Tariane
Enviado por Jady Tariane em 10/12/2015
Reeditado em 10/12/2015
Código do texto: T5475660
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