Desenganos
"Por que não cuspiste na pobre da flor?
Mas fundo desprezo mostrar-me quiseste,
Ludíbrio fizeste de mim, deste amor…"
(Castro Alves)
Noites e noites chorando,
Horas d'insônia passei;
E nesse pranto extremado,
Do amor me enfadei!
O meu amor era puro!
Tudo que por ti sentia,
Era como, duma lira,
Os doces sons de harmonia!
Lembro-me daquele dia…:
Vi os teus olhos nos meus,
As nossas almas felizes,
Ah! os meus lábios nos teus!
Oh! quão insensata fui!
Julguei que era feliz,
Porque sorria a minh'alma…
Amar-te… eu sempre quis!
Num só instante, partiste
Para bem longe de mim;
Os meus olhos não te viram
Partir tão cedo, assim!
O nosso amor terno e santo,
Oh! comigo morrerá!
O teu nome, nos meus lábios,
Oh! nunca mais soará!