O DA POESIA
 

Eu sou o operário da poesia.
Trabalho com as mão da alma.
Mãos calejadas
a malhar o aço frio das palavras duras;
tentando tapar os furos
de vidas estraçalhadas...

Eu sou o operário da poesia.
Trabalho com as mãos do coração.
Mãos cançadas,
a entretecer os fios embaraçados
de vidas rotas,
tentando formar desenhos agradáveis...

Eu sou o operário da poesia.
Trabalho com minhas próprias mãos.
Mãos ansiosas...
Por receber migalhas de compreenção
e de carinho, de vidas que tento
fazer felizes.


 H. Siqueira. 1982.