AUSÊNCIA
Hoje é segunda.
Restou pouco da festa:
- há uns copos descartáveis deitados pelo jardim,
Pode se ver pelo quintal
Alguns retalhos dos balões
Que enfeitavam as paredes
E que as crianças fizeram com eles
Seu carnaval de tiros!
Na pia restaram copos por lavar
E a toalha que estava na mesa
Exibe suas manchas de refrigerantes
E chantilly misturado
Com grãozinhos de brigadeiros
E açúcar dos beijinhos coloridos.
Ainda há vestígios da festa.
Enquanto fizemos sala
Rimos, nos abraçamos,
Dividimos cadeiras pequenas,
Ficamos juntos fazendo nosso teatro de amor.
Nosso lar nos acolheu horas depois
E aí as nossas vidas começaram
Ficar em suas paralelas.
Eu procuro estar sempre em festa
Mas você tem sido como o segurança chato
Que reprime quase tudo.
Estou aprendendo a viver tudo isso.
Tem sido difícil ter e não ter,
Olhar e não ver,
Abraçar e não sentir,
Querer e não poder...
Tem sido difícil todo instante
Mas eu afirmo: estou aprendendo
A viver contigo na minha solidão!
E na dor que me trazes ao peito
Sinto que em breve o meu coração
Não sentirás mais falta
Quando você tão presente
Ser uma mulher tão ausente!