SEPARAÇÃO
O que restou de nós
E que ficou pra nós
É tudo que não sonhamos
E que prometemos
Que não seria: escombros!
Porventura...
O amor acabou?
Foi embora o amor?
Bateu em retirada o amor?
Está o amor dando um tempo?
O amor cansou?
O que houve com o amor?
Vivemos como dois velhos
Que já viram os pais morrerem,
Os filhos crescerem,
Os netos crescerem,
Os bisnetos crescerem
E agora sozinhos
E com a vida completa,
Com a missão cumprida
Não se veem mais na obrigação
De provar o amor:
Amam em silêncio!
Amam na forma mais pura do amor:
- com os olhares, com o carinho,
Com a preocupação de que o degrau
Da escada do quintal é um abismo...
Amam sem estardalhaço,
Sem emoção, mas com devoção,
- devoção que nos falta –.
Não sei se não têm mais força
Para gritar o amor que sentem
Ou simplesmente têm receio de acordar
A morte que dorme tranquila
No batente da porta.
Mas os jovens não.
Não se plica ao amor jovial
A regra que se aplica ao amor maduro.
O amor nos jovens precisa de vozerio
Para não acordar a morte
Que assim como um cão fiel,
Está sempre à porta e só se acalma
E tira o seu cochilo
Se houver algazarra.
A morte que mata o amor nos jovens,
Ao contrário da que mata o amor nos velhos,
Mantem-se embernada enquanto existe farra!