Relações Líquidas
A pele se rasga de dentro pra fora,
como se quisesse expelir seu próprio mal
Cada célula está corrompida e continua se envenenando
com a beleza jamais atingida.
Os olhos se viram pra trás, pois não conseguem mais enxergar
nada à sua frente.
Tampouco o outro que respira o mesmo ar que enchem teus pulmões.
Ah sim... o mesmo ar que enche os pulmões de todos os seres que dele necessitam.
Mas que falha! Todos precisam da mesma coisa!
Eu, você, ele... e nem um, nem outro, enxerga o outro.
A pele se solta, os olhos explodem. A vida do outro não existe.
E o veneno volta para nós mesmos.
O veneno do egoísmo, do egocentrismo.
Das relações tidas e das desejadas.
Da vontade de ter a vitrine e de ser uma outra exclusiva
Dos corpos que se vêm consumíveis e perecíveis
Ansiando desesperadamente possuir o outro,
para depois reciclá-lo como um monte de pele já usada.
Olhos que não vêm e pele que não toca.
Amargo é o gosto do sentimento não sentido e da falta
jamais preenchida.
Jaz você, o outro e eu. E ninguém tem mais ninguém.
Ninguém vive mais com alguém.
Se vive com embalagens pet.