O CASAMENTO
Casamento
Conversavam dois amigos,
as coisas do casamento,
escutei um lamentando, estava triste,
e arrependido
de ter tido
se casado.
Coitado, tão melancólico
dizia ser bom católico,
mas a tal da tentação,
não sei se agüento não!
As meninas de hoje em dia,
cria em mim a sensação,
de que não sou velho não,
de que os anos não passaram
e sou jovem e com vigor!
Olha aqui, ó Agenor:
Minha velha é enrugada,
não dorme de madrugada!
Me enojei, nem posso ver,
tá ficando barriguda,
toda branca e nariguda
cheia de veia nas pernas.
Dizia o outro então:
Mas e as ternas aventuras,
que te levavam as alturas?
Que tanto te proseavas,
quando dela me contavas?
Isto é que mulher,
Isto não é pra quem quer
ela é quente pra dedéu,
Foi talhada lá no céu,
Foi Jesus, quem ela me deu!
E agora, meu amigo!
Não pode viver contigo?
Te enojaste da beleza,
das proezas, das delícias,
Que milícia é esta tua
que não podes vê-la nua,
soltando o verbo desdenho:
A mulher que agora tenho...
Já te olhaste no espelho,
que estás bem velho e feio?
Devagar o teu fim veio?
Já não andas tão erétil,
corcurdinha com sessenta
e ademais tu não aquentas
viver com uma de vinte!
Não me venhas mais com essa,
que confessas, eu te detalho
vais ganhar um par de galhos
pois dos velhos, querem grana,
ou roubar a sua fama,
Mas és pobre enruguecido
e de Deus tens te esquecido!
Esqueça esta utopia
que acabará um dia.
Vai e ajunta os teus trapos,
os farrapos e te cinjas,
como a glória dos teus trinta!
E assista você mesmo
como um filme reprisado
e serás recompensado
pelo brio e dignidade
de ser homem de verdade!
Pois sei, juraste um dia
Na tristeza ou na alegria,
quando com ela casaste.
Que com ela viverias
por mais árduo que fossem os dias
até que a morte separasse?
Antoninho, toma jeito,
vive tua vida direito,
trata ela com respeito
até que a loucura passe!
Tijucas, 27/05/2014