A um Ausente

Tenho razão de sentir saudade

tenho razão de te acusar

Houve um pacto implícito

que rompestee sem te despedires foste embora

Detonaste o pacto

Detonaste a vida geral

a comum aqui

escênciade viver e explorar os rumos de obscuridade

sem prazo sem consulta

sem provocação até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.

Teu ponteiro enlouqueceu,

enlouquecendo nossas horas

Que poderias ter feito de mais grave

do que o ato sem continuação,

o ato em si

o ato que não ousamos

nem sabemos ousar

porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti

de nossa convivência em falas camaradas

simples apertar de mãos,

nem isso,

voz modulando sílabas conhecidas

e banais que eram sempre certeza e segurança.

Sim,

tenho saudades

Sim,

acuso-te porque fizeste o não previsto nas leis

da amizade e da natureza

nem nos deixaste sequer o direito

de indagar porque o fizeste,

porque te foste.

Milay
Enviado por Milay em 17/02/2015
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