Poema do vadio pegador!

( Esse texto eu dedico ao diabo da insônia, que me mantém acordado, pensando em coisa ruim).

Estamos em pleno bar... donde do alto

sambam as mesas - torneadas mucambas

e algumas vagas sem sobra das cadeiras

pela inquietação do paredão a tocar!

Estamos em pleno bar... Do descampado

E os machos se soltam na dança do bumbum,

os machos em troca de carne barata

_ Libidinosos corpos movidos a caça!

Chegando mais, outros paredões!

Um pede o melô do homem chorão,

outro querendo aplicar glicose

e o espaço todo se contorce com tanta poluição...

Dança o corpo de pouca roupa com o copo na cabeça,

vem a outra já tirando a roupa, as poucas

e o bar se acalora noite a dentro, de pileque

já sem calcinha, peito de fora e putaria...

"Negras mulheres, suspendendo às tetas

Magras crianças, cujas bocas pretas

Rega o sangue das mães:

Outras moças, mas nuas e espantadas,

No turbilhão de espectros arrastadas,

Em ânsia e mágoa vãs!"

Distinto povo tão desgraçado

Diga a verdade de tamanha falta de caráter

Que desejo é esse, diga. de denegrir a humanidade!

Homens! Mulheres! Povo destrambelhado...

Onde se desliga o botão da imbecilidade!

Justiça! Direito! Polícia! Política...

Estado! Sociedade! Comunidade!

Família! Limites! Responsabilidade...

Diga também para onde caminha a humanidade...

Estamos em pleno bar... Do descampado,

Todos dispersos, acabou o álcool! A mulher do corno

foi flagrada com a puta do tatuado, no banheiro,

E a noite terminou em bala:

as duas eram pagas para a ostentação

não para fazer o que ainda é censurado!

E a culpa não é de ninguém!