Indébito
Por que em meus bruscos sonhos
Somos tão íntimos?
Por que em minha longa realidade
Somos tão dispersos?
Eu grito, tu calas.
Eu calo quando gritas.
Eu sonho quando calas.
Eu morro quando realizas.
Por que em meus súbitos sonhos
Somos tão amantes?
Por que em minha durável realidade
Somos tão divergentes?
Eu calo, tu gritas.
Eu grito quando calas.
Eu calo quando sonhas.
Tu realizas quando morro.
Para que tantos sonhos
Se nossas realidades são dispersas?
Para que tantos sonhos
Se o meu grito é sem ruído?
Para que sermos amantes
Se os meus sonhos são tão súbitos?
Para que sermos amantes
Se o teu silêncio é tão agudo?
Eu sumo, - não assumes.
Não consumo o teu sumo.
Eu calo, - és estranho.
Não entendes porque calo.