Ciranda Desamor
Diz-me, então, quando todo encanto se perdeu,
Quando o chão ladrilhado virou pó,
Quando o bosque em labaredas se ardeu,
Quando o anjo prateado ficou só?
Quando desaprendemos a sorrir,
Quando nos esquecemos de chorar,
Quando rugas começaram a se abrir,
Quando as cirandas findaram de cantar?
Foi de olharmos em nossos olhos e não nos vermos?
Ou foi em vermos nossos olhos prantear?
Foi em nos vermos e toda vez fecharmos os olhos?
Ou foi em pararmos de nos vermos ao fechar?
Fora embora o cavaleiro esperado,
Ou o cavalo quem melhor estendeu a mão?
Será que a água procurada em poço seco,
Não regou o nosso ingênuo coração?