Quando o sofrimento vira costume
Foi uma vida complicada.
Uma vida de tristezas contínuas.
Outrora ela teve sonhos, mas já esqueceu.
Restaram os pesadelos.
O sofrimento tornou-se lugar comum.
Tão comum, que tornou-se natural.
Tão natural, que a fez esquecer a alegria.
Semelhante à alegria, só restou a calmaria.
Ficava feliz quando o sofrimento diminuía.
Não tinha esperança que cessassem.
Quando o sofrimento era menor, ela sorria.
Até voltar a chorar quando ele aumentava.
Foi assim por meses, anos, décadas até.
O sofrimento fez seu coração fechar.
Solidão era a única felicidade a almejar.
Companhia significava sofrimento.
E foi assim que a vida foi passando...
O sofrimento aumentando...
A solidão sendo buscada...
E por dentro foi morrendo.
Quando já não restava esperança,
Eis que o improvável aconteceu.
O sofrimento foi interrompido.
Alguém inesperado surgiu.
“Quem vem interromper meu sofrimento?
Será que não veio trazer algo pior?
Será que fará aumentar o meu lamento?
Será que apenas sentiu dó?”
E fugiu daquele que lhe estendeu a mão.
E a solidão se ampliou até continuar.
Fechou as portas de seu coração.
Coração que não aprendeu amar.