AMOR ATOR
Ah, este seu amor...
É tão ator...
Encena, faz cena.
Tão sem dó, sem pena.
Atua beijando, abraçando...
Sofrendo e amando.
São outras as personagens.
Línguas e linguagens.
Depois vem e diz
que não é bem assim.
Que é tudo tão normal
e que nada é real.
Agora te peço e insisto:
Ao meu coração diga isto!
Vejas o que ele sente,
de teatro nada entende.
Confesso-te o que queria,
ser da sua história a mocinha.
De uma história real e viva,
ser a mulher da sua vida.
Nossa! Que privilégio!
Quanto mérito...
Conseguir obter enfim,
um final feliz pra mim.
Ah, nesta minha vida...
Você: protagonista!
Atua com dois papéis:
Ora inferno, ora céus.
Vem como um herói
e me reconstrói.
Chega como um vilão
e me tira o chão.
Herói que me traz prazer,
resgata-me em meu ser.
Traz de volta a alegria,
de ser mulher e menina.
Vilão, um verdadeiro gatuno,
que volta e me rouba tudo.
Os holofotes da minha vida...
E no escuro fico sem saída.
Por que tem que ser assim?
Queria também ser atriz.
Para poder representar,
e quem sabe me enganar...
Interpretar o que não sinto.
Até tento, mas não consigo.
Queria ser insensível e fria,
mas esta não é minha sina.
Talvez seja melhor assim ser:
Uma assumida carente de você.
Ao menos não amo como seu amor,
que representa, que é ator...
E no final de cada história
você sempre vai embora.
Nada assume e me consome.
Se vira... Se vai... E some.
(TEXTO TAMBÉM DISPONÍVEL EM ÁUDIO)