FRAGMENTOS
Olho para o lado e estou sozinho
Do auto da montanha busco coragem para saltar
Mas não sei se fazer isso faria de mim um covarde
Ou se sou covarde por não o fazer
De qualquer forma estou caindo
Neste abismo translúcido
Enquanto caio sinto o vento frio
Espalhando fragmentos de meu corpo inerte
Se desfazendo em pedaços de desamor, saudades e pingos de solidão.
Quem sabe, um destes dias de chuva,
Se transforme numa repentina aurora boreal
E este céu que agora está tão cinza,
Se converterá a um belo espetáculo de cores
Mas enquanto este dia não chega
Me resta torcer para que ao final desta queda
Eu possa ao menos chegar ao fundo
(se é que este abismo tem fundo)
Para poder então descansar
E renovar minhas forças
Teimoso que sou, mesmo ferido,
Escalarei e chegarei ao topo
Desta imponente montanha
Que chamam de vida,
Pois dizem que no topo desta montanha
Mora uma tal Felicidade.