VALORES

VALORES

Nunca, nunca mais sentimentos meus serão ofertados de forma tão intensa,

nunca mais permitirei me ser aplacado por avassaladoras paixões.

Emoções?

Daqui pra frente bem comedida serão.

Em vão como tal,

prefiro tornar-me marginal,

simplesmente seria covarde,

viver a margem das emoções,

mas corações compatíveis, ainda são tangíveis?

Vejo o medo,

vejo o endurecer do meu eu,

tão magoado pelo egoísmo do teu.

Pés no chão serão insuficientes para sentir-me seguro,

meu altruísmo rejeitado que agora me entristece e me faz cabisbaixo,

certamente me servirão de régua e compasso

para libertar-me das mazelas de viver a margem.

Mundo pequeno, onde papeis se revertem,

a fera ficou mansa tamanha paixão,

a bela virou fera e o feriu,

magoou sem hesitar um minuto,

mostrando se dona de um egocentrismo absoluto.

Sentia que não merecia tamanha decepção,

Sentia o chão abrir e tentar sugar-lhe,

o peso do desequilíbrio,

a força do desamparo,

sentia a magoa e a angustia,

pressionarem o que lhe restava de bom.

Sentia que os acordes não se ajustavam ao tom,

sentia que a respiração ofegante não era de prazer

sentia a dor arder a magoa aflorar, o medo crescer

a vontade de chorar...

Já havia se permitido tamanho desabafo,

recomponha se das lagrimas e dava os primeiros passos,

foi como veio; provido de sonhos,

que foram partidos ao meio,

de objetivos futuristas,

conseguia ate verem-se na terceira idade:

cadeira de balanço,

mãos entrelaçadas

lembranças gostosas,

recordadas com boas risadas,

netos na varanda e orgulho no peito,

sensação de missão cumprida,

tudo construído bem do nosso jeito.

Explicação lógica, já não faço busca,

apenas sigo:

de cabeça erguida,com aprendizado adquirido.

Visualizar meu jardim?

As flores vistas estarão maltrapilhas

porque regá-las era parte do acordo,

mas você não honrou,

não veio de peito aberto,

enquanto eu corria

você fingia dar passos discretos.

Até que resolveu afirmar se permitir...

não quero nem lembrar

o quanto foi dito sem ser sentido,

almejado sem realmente desejado.

Nunca mais permitirei o melhor de mim,

ser exposto e depois ridicularizado,

nunca mais abrirei o peito e deixarei alguém perfurá-lo.

Sinto o âmago atingido,

tento mensurar o seu estrago

só então percebo o quanto fui dilacerado.

Logo eu?

O pretinho que me sentia experiente

o vagabundo nato, boêmio valente

aquele um das quebradas,

que ao passar pelas encruzilhadas,

ate Exú admirava,

Abrindo-me caminhos,

jamais me permitindo

que pelas madrugadas,seguisse sozinho.

Sim, novas paixões serão vividas,

vividas de formas bem diferentes,

haverá critérios por normas,

e senso de preservação latente

para que insensatos jamais tenham acesso de novo

a minha preciosa capacidade de amar.

Não mais a exposição,

antes bela, hoje ridícula,

não mais despir me publicamente seguindo inenarráveis certezas,

não consumadas, não recíprocas , nem sequer respeitadas.

Decepção magoa...

sentimentos tangíveis e mensuráveis,

barco sem bussola, homem sem destino.

Irôco nega- me modificação emergente,

Lembra-me que ele é tempo,

eu, simplesmente gente.

Valores!

Sergio Badbah
Enviado por Sergio Badbah em 24/08/2014
Código do texto: T4934690
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