Mundana

Mundana

Vida pródiga de muitos homens e poucos amores,

Nas camas promíscuas verteu o suor impudente,

Do insinuante e lascivo corpo agora fruto de dissabores,

Outrora desejado com paixão incontida e ardente,

Fonte de inconfessáveis vontades pelos íntimos sabores,

Restou, apenas, o abissal vazio do sentimento ausente.

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Na cediça vontade do leviano e insensato coito,

Sobre lençóis mercadeja a alma vilipendiando o corpo,

Sem pensar que o prazer fugaz do instante afoito,

Perderá o sentido no bordado das insondáveis tramas,

Tecidas na alma com o cruel capricho da tristeza insana.

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Na pele sensual da exuberante e desejada prenda,

Leilão de perdulários prazeres ao preço vil da sedução,

O incansável tempo esculpe cicatrizes rasgando fendas,

Canhestro artífice traçando linhas com profundas jaças,

No corpo cansado e vencido pela peregrinação devassa.

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No infortúnio da realidade que insone amanhece,

Tritura os sonhos na cova rasa dos falsos amores,

Eterniza promessas vãs num manancial de dores,

Tomba imersa na claridade do dia que não anoitece.

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Nos lábios dos risos frívolos trava o fel da desilusão,

Das mãos, roubados os toques das carícias insinuantes,

No peito, altar das mentiras o estéril deserto dos amantes,

No rosto marcado, o derradeiro afago da amarga solidão.

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Bellozi

03/14

bellozi
Enviado por bellozi em 08/08/2014
Código do texto: T4915192
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