O instante do tapa

O instante de um tapa..

No peso da mão que maltrata

O braço que verga feroz a espada

E desfere no rosto a incisiva navalha

O instante do tapa..

A mão que fere por que não afaga

O sangue que ferve, a cólera que abrasa

O beijo que morde, a mesma boca que escarra

O instante de um tapa..

A fúria nos olhos, a dilacerante mirada

O pavio que explode quando no rosto estala

O ódio que vence o amor que se cala..

O instante de um tapa..

A vergonha que se instala

A lágrima que não seca

A mágoa que não vaza

A face enrubescida

A covardia enaltecida

Na mão vingada que ainda vigia

A outra face ainda intacta..

Nunca esquecerei o instante de um tapa..

Por mais que as palavras calem,

Por mais que a memória falha

Há cicatrizes que o tempo esconde..

Mas no avesso da pele

A lembrança ainda consome

A alma toda posta em chagas..

Alex Quirino

alecangelo
Enviado por alecangelo em 04/08/2014
Reeditado em 11/08/2014
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