Dos meus amores, aos meus amantes.
Eu não te ofereço a minha presença
Na verdade não te ofereço nem a minha ausência
Menino de tantas certezas
Eu que não te ofereço nem o meu carinho
Nem a minha delicadeza.
Já não faço questão de sermos
Vejo a beleza dos solitários passos
Que em tempos escassos
Tornaram-me a mais errante dos mesmos.
A conturbar caminhos estranhos
Do limite que nunca teve tamanho
Em ciclos convergentes
Calo-me na pausa calma
Não te ofereço nem a minha alma
Pois ela fiz de retalho de tanta gente.
Apego-me ao amargo
Subestimo os tempos raros
Eu não sou assim tão inocente.
Converto-me ao vazio
Prefiro o hostil
A pensar em sofrer
Deixo-me ir em segredo
Meus sorrisos falsos
São apenas um pretexto
Para sem ter que ser
O que será saber
E não deixar acontecer.
Dos meus amores os meus pedaços
Aos meus amados os meus cacos
Para meus amantes meus estilhaços.