Órfão De Amor
Divagava dissonante nas suas contrariedades,
Olhava de soslaio na penumbra com receios,
Jogava às vidas dos outros nas suas variedades,
Questionava a sua má sorte nos seus anseios.
Exorcizava o vazio nas suas mágoas deleitosas,
Deambulava enfastiado em sordidez mesquinha,
Chorava grandes odes sumidas desgostosas,
Equacionava os entraves da solidão picuinha.
Deleitava-se desconfiante na sombra larga,
Regozijava-se na incredibilidade do destino,
Desamparado e tão mal-amado à ilharga,
Soçobrava desalinhado mas tão cristalino.
Lisonjeado ficava pelo tempo ver passar,
Dorido com as suas limitações afectivas,
Ansiava correr de mãos dadas sem cessar,
Receber os teus doces beijos em dádivas.
Lisboa, 27-8-2013