A Falência Do Amor

Quando deixas de ser tu próprio,

E só finges para agradares,

Na rendição do Eu pensante,

No contrato de mútuo acordo,

De bajulações e hipocrisias,

Para somente satisfazermos Egos.

Egos narcisistas insaciáveis,

Que pela celebrada união de facto,

Projectam o seu narcisismo,

Para todo o sempre possível,

Alimentando o nosso egocentrismo.

Eu diria o que tu gostarias de ouvir,

Tu dirias o que eu sonharia em ouvir,

Eu veria em ti o que eu desejaria ver,

Tu verias em mim o que tu ansiarias ver,

Eu faria o que tu planearias que eu fizesse,

Tu farias o que eu aspiraria que tu viesses a fazer.

Diz-me quem é a mais bela?

E eu respondo – Tu meu amor.

Eu ouço as suas juras de amor,

Coro e durmo descansado e feliz,

Uma verdadeira simbiose idiossincrática.

Acordas um dia e não reconheces quem és,

Nem tão pouco quem dorme contigo ao teu lado,

O teu ente amado é só e apenas só,

Uma projecção idílica da tua própria mente,

Um fantasma com máscara do teu reflexo.

Lx, 23-6-2012

Paulo Gil
Enviado por Paulo Gil em 01/07/2014
Código do texto: T4866232
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