A Falência Do Amor
Quando deixas de ser tu próprio,
E só finges para agradares,
Na rendição do Eu pensante,
No contrato de mútuo acordo,
De bajulações e hipocrisias,
Para somente satisfazermos Egos.
Egos narcisistas insaciáveis,
Que pela celebrada união de facto,
Projectam o seu narcisismo,
Para todo o sempre possível,
Alimentando o nosso egocentrismo.
Eu diria o que tu gostarias de ouvir,
Tu dirias o que eu sonharia em ouvir,
Eu veria em ti o que eu desejaria ver,
Tu verias em mim o que tu ansiarias ver,
Eu faria o que tu planearias que eu fizesse,
Tu farias o que eu aspiraria que tu viesses a fazer.
Diz-me quem é a mais bela?
E eu respondo – Tu meu amor.
Eu ouço as suas juras de amor,
Coro e durmo descansado e feliz,
Uma verdadeira simbiose idiossincrática.
Acordas um dia e não reconheces quem és,
Nem tão pouco quem dorme contigo ao teu lado,
O teu ente amado é só e apenas só,
Uma projecção idílica da tua própria mente,
Um fantasma com máscara do teu reflexo.
Lx, 23-6-2012