Amante Esquecida

Meu amor, minha amiga,

Silencioso na tua dor,

Espero que a tua alma diga,

Meu confessor, meu senhor.

Não me obrigues mais a falar,

O silêncio diz-me mais que tudo,

Deixa-me observar-te só a arfar,

E transcrever-te num poema-mudo.

Abandonaste-me à sorte sem te perceber,

Não ouviste sequer os meus versos,

Desapareceste na neblina ao amanhecer,

Deixaste-me aos meus sentimentos perversos.

Elas passam por mim tão perto,

Inatingíveis na sua promiscuidade,

Esticam-me a mão para um aperto,

Mas estou tão longe, já fora da cidade.

Tão ignóbeis,

Tão imbecis,

Tão hábeis,

Tão pueris.

Lx, 23-6-1995

Paulo Gil
Enviado por Paulo Gil em 11/06/2014
Código do texto: T4841129
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