Tudo que vivemos
Me tocou um sopro de razão chorada, com choques de imaginação vivida. Além do céu até as nuvens despiam a vergonha de voar desprovida de medo próprio. E aqui na terra eu durmo.
Procurando meu sangue sujo no branco do teu sorriso coloquei em risco minha integridade volúvel de saber mais do que viver. E cadê seus lamentos agora?
Meu corpo dói em pensar no quão desnecessário foi o sacrifício dele em pensar que você estava aqui onipresente. Sem isso eu tinha mais força para correr em meio aos cavalos que você libertou. E tudo valeu a pena sofrer.
Quem diria que palavras não ditas explicariam a agonia que transpirou duas ou três vezes que eu te chamei sem te precisar. Ou foram dez vezes que te gritei, ou foram inúmeros ruídos de dor. E juntos nós criamos esses ruídos.
Meu livro esquecido clama por verbos indignados que transmitem cor e som de forças que todos nós duvidamos existir, como as coisas que dizem que o coração produz 120 vezes em 80 segundos. Sim, foi isso mesmo que você ouviu.
Tragico pensar que não vou mais imaginar que a vida é só uma e que por sete vezes eu terei que provar que posso muda-la. Sem que isso me abale, juntarei as fotos que sobraram de um tempo que meu sorriso não cabia em 3 centímetros por 4. Sua ignorância sempre me assustou.
Entenda que felizes para sempre é só a melhor forma de dizer que tudo que você ouviu até agora não existe, não tem cor, não tem cheiro e não tem gosto. Como qualquer um indivíduo que olhou para o espelho e se perguntou o que estava vendo, não mude de ideia ao fechar os olhos. Tudo que vivemos teve que acontecer. Tudo que sofri foi para tudo entender.