Deixo a porta aberta
Deixo a porta aberta
Não! Não há de ser tu quem me impedirá de sonhar
Nem, muito menos, aquele que caçará meus eus escondidos
Em que hora te deixei entrar?
A pergunta não cala, o sentimento fala
Não aguento mais chorar
Ai se soubesses o quanto já apanhei por ti
Fui contra minhas intrínsecas ideologias
E argumentei a favor, jogaram bosta em mim,
E Geni, não suporto mais... Alforria, Zepelim!
Se calei enquanto gritavas, foi porque a razão falou
Se chorei enquanto rias, foi meu depressivo alter ego
Se não percebes minha indiferença, é de praxe
Não sei mais quem sou para ti
Percebes minha fragilidade, acuada
Sou aquela que, oprimida, nunca falou
Inteiras verdades, embora pratique
Revoluções diárias, no mundo das ideias
Deletérias, venéreas, coisas minhas
Talvez você nem queira ouvir
Só lembrarás mais tarde na cama fria
Um corpo solitário pensa melhor
Mesmo que nós, um dia animais, fênix do amor
Hoje te deixo ao relento, de lembrança, o cobertor
Então verás que estás por baixo, dos panos,
De meus planos, encontrarás tuas mazelas
E que bom, fizeste boas escolhas, delas
Tu tão humano, eu tão bactéria
Não ousas me chamar de criança
Meu doce já não roubas assim
Hoje guardiã sou de minhas boas lembranças
Momento em que não te tive, enfim!
Quando sair mostra que aprendeste algo
Costumavas deixar o lixo na porta
Hoje, tal refugo fez de teus rastros
Os galgos maiores de uma escalada
Rumo a mim
Gabriel Amorim 20-03-2014