Deixe me a/à verdade

Não me venha com seus cinismos, abismos

De mim, só me colocam para baixo, desconfiado

Pare com hipocrisias, conheço-te muito bem

Lance a máscara ao vento, não dá mais, separemos

Só me usas como quer, abusa de minha boa vontade

Tenho de te desmascarar, e despir, deixar-te nu

E como veio ao mundo, poder te julgar

E vibrar, comemorar teu momento único, de verdade

Ainda me pergunto quem é você? Por qual desses me

Apaixonei, e me entreguei e humilhei pelo bem-querer

Apostei em um, veio você, perdi as fichas, sobrou o frio

Frívolo, maquiavélico ego que me faz arrastar fardos, bardos

Sou realmente inocente, ou mesmo cego, te amei, ainda amo

Não posso negar, nego que te conheço, e tento veemente

Despeço-me, de quem fui um dia, abro os braços

Ao futuro e suas inversões, versões novas de mim

Não que eu seja tão volúvel, não sou você

Mas ser um eu-camaleão deve ser mais fácil

Ter sentimento volátil, não se apegar, ser eus

Diferentes, todos rentes as múltiplas faces de você

Antes de partir me deixe ver a verdade

Fale-me coisas bonitas, minta, tudo na minha cara

E depois quando sair pode desmentir, aquilo que

Cultivamos, regamos e com água demais pode morrer

E como se eu não pudesse saber de nada, espalha

Teu veneno, tuas verdades, teu coração pequeno

Se é que isso pulsa, deixa-o falar

E gritar, meu nome, pseudônimo, outra face, codinome

Vai à rua, ou à merda, teu rumo pode ser uma

Incógnita, de uma equação que não quero resolver

Falta-me tempo, quero viver, verdades, realidades

Coisas que me afastam, cada vez mais, de você

Gabriel Amorim 05/03/2014