Empatia
Acredite quando digo que sinto muito,
Ao constatar o que o amanhã lhe trouxe;
Quando meu sonho lindo virou defunto,
Aceitei e orei junto, pra que teu devir fosse,
Feito das peças certas para teu conjunto,
Céu de brigadeiro, límpido, calmo e doce;
Orar, pedir, porém, é apenas um assunto,
o Eterno não quis, e teu sonho danou-se...
Ante uma análise simplista isso soa normal,
Todo o dia erra o passo na vida, alguém;
Mas, alguém é difuso, e se a gente é o tal,
Então pode saber o peso que a desdita tem;
No amor não vale nossa rivalidade grenal,
A perda alheia, graça nenhuma daí advém;
Ademais, quem bebeu a amarga taça do mal,
Por empatia, não deseja mal a ninguém...
Amanhã é outro dia, esse clichê é um saco,
tem horas que pra algo até um saco serve;
esperança renascida não é coisa de fracos,
conforme o calor gerado, então a água ferve;
rasgamos o script e mandamos uns cacos,
e o teatro continua ao sabor dessa verve;
estrelas morrem, restam negros buracos,
mas rutilam outras pra que se observe...
Quisera, meu amor ainda fosse estrela guia,
Que à distante Belém conduzisse teus passos;
Que ensejasse anseios ante a ausência do dia,
E à noite ardesse até ver o teu corpo lasso;
Mas, ter os sonhos frustrados é uma porcaria,
Judia a ponto de temer semelhante fracasso;
E oferecer-te meus ombros soa a hipocrisia,
Pois meus ombros são a parte dos meus braços...