Inexorável
Procuro as pegadas que vagam na escuridão
Pela luz florescente eu procuro um novo arranhão
E quem irá dizer que não se deve ferir no amor?
Mas isso não é amor, é apenas a minha pele queimando à paixão...
Doce seria se tuas pegadas não fugissem na partida
Como um velho criminoso escondendo os vestígios
E eu, tola procuro minuciosa pelo perigo,
E cega não percebo que o carrego comigo.
Por vezes indago à razão se é certo ou não,
E quando vou a me convencer de que quero viver
Tuas pegadas se mostram e me levam a você
Outras vezes apenas esbarro no teu ser.
E de longe caminho, como cão treinado para o perigo,
E então percebo que acabas mais e mais comigo
Caminho rápido, apresso os passos, persigo o destino
E como águia tu vigias a vida e decides o caminho.
Pela última vez imploro, não me deixes perdida
Sigo instintos e como névoa tu dissipas e cambia.
A lua sobe alta, cristalina, não deixes que eu vire fera homicida.
Então vigia as sombras percoladas formando corpo de assassina.
Sou quase loba de vigia, não mais deixo rastros à luz da matina.
Sinto cheiro de carniça, ela queima, debate ferida
Acho águia caída sobre pedras escorregadias
Seu sangue escorre, me chega às narinas.
Passo a passo me dirijo à farta refeição
Estraçalhada suas penas ao sol chegam ao chão
Como ave tão bonita pôde um dia ser atingida?
Então percebo o quão podre é o coração.