Flor
Pediram-me para falar de flor
Mas como dizer do que não gosto
Não lhe tenho nenhum favor
Mas que digo algo, aposto
É como falar do que não dou bola
Como não gosto de nata
Como certas aulas da escola
Ou como o nó da gravata
Flor plantada é intocável
Flor colhida dura pouco
É presente incansável
Do que ama como louco
Despetalada é desfalecida
Murcha está cansada
Entregue sempre à querida
Entregue sempre à amada
Quem não vive de tanto amor
Não pode dar tal presente
Mas é nas horas da dor
Que a coroa se vende
Amada pelo mulherio
Vive a embelezar
Mas é digna de arrepio
Quando a morte vem levar