Fragmentos do Infinito
Vidro. Espelho. Racha.
O tempo estilhaça a manhã,
rasga ângulos no ar imóvel,
e o vento – cubo disforme –
dança sem direção.
Rostos partidos em planos,
olhos em prismas de cor,
mãos que se tocam e não se encontram,
amor quebrado em vértices,
retângulos de dor.
O grito dobra a esquina,
a sombra reflete torta,
e cada linha da existência
é traço brusco que se entorta
em um quadro sem final.
No avesso do mundo,
sou mil pedaços de mim.
Cada um canta uma vida,
cada um morre sozinho,
mas todos brilham no mesmo fim.