Fragmentos do Infinito

Vidro. Espelho. Racha.

O tempo estilhaça a manhã,

rasga ângulos no ar imóvel,

e o vento – cubo disforme –

dança sem direção.

Rostos partidos em planos,

olhos em prismas de cor,

mãos que se tocam e não se encontram,

amor quebrado em vértices,

retângulos de dor.

O grito dobra a esquina,

a sombra reflete torta,

e cada linha da existência

é traço brusco que se entorta

em um quadro sem final.

No avesso do mundo,

sou mil pedaços de mim.

Cada um canta uma vida,

cada um morre sozinho,

mas todos brilham no mesmo fim.

Gustavo Salesse
Enviado por Gustavo Salesse em 07/03/2025
Código do texto: T8279900
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