O ATELIER DOS SONHOS
“Ao pintor Paulo Fonseca”
Não há artista que não sonhe
No seu castelo levantar,
Seja ao perto seja ao longe,
Um atelier pra laborar.
Todo o mundo é bem pequeno
Mas a alma é infinita,
Nesse atelier tão sereno
A própria paixão levita.
Pelos meandros dos sentidos
Num oceano de sensações
Há busca por entre brasidos
Da harmonia das emoções.
Seu horizonte é a obra
Nos traços que lhe dão vida
Com o suor que lhe sobra
Vai crescendo enriquecida.
Ela é sua filha genuína
Da consorte inspiração
E, numa imagem cristalina,
O seu berço é o coração.
O atelier é o seu castelo
P´ lo silêncio e probidade
Dá garantia e desvelo
À sonhada qualidade.
E ao dar ao sonho vasão
O artista, como estandarte,
Faz do atelier condição
Para o combóio da Arte.
Ali tem o seu cavalete
Ali tem a sua paleta
Pra tarefa que se repete
Numa atitude inquieta.
Há uma viagem perene,
Ao ritmo das caravelas,
Com um orgulho solene
Faz a colheita das telas.
Completa-se o circuito
De uma forma inacabada
C´ o seu último veredicto
Numa exposição sonhada!
Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA