Medida: 18
Um triângulo ao meio e, invertido, engloba tudo outro triângulo.
Não são triangulares, mas parecem gotas, janelas de tudo ver,
Portas úmidas sempre abertas.
Preto no centro da esfera que lê o mundo.
A cachoeira rosada desaba sobre a esfera direita
- ou esquerda, o mundo gira, afinal -
E faz o cinza que a cerca mais brando que o cinza
Esquerdo - ou direito, afinal, gira o mundo -
E confunde tudo dentro de gotas que não são triângulos
Que confundem a desarmonia assimétrica do triângulo
Primordial.
Raios curvos de preto-cinza, porque não cinza claro,
Emanam das gotas que quebram a simetria e
Englobam o preto do centro da esfera que lê
O mundo. Emanam indiferentes, emanam curvos,
Apontam para cima em linhas delicadas,
De maneira suave, macia, dobram os ventos,
Os detalhes, os rios.
Dois pequenos morros sobre os raios curvos
Preto-cinza se colocam, em cinzas vazios, cheios
De branco, de nada. Nada que é tudo, que é a
Possibilidade de ser tudo e, portanto,
É um nada que tudo é.
Descendo o triângulo invertido que tudo abarca,
Um caminho muito mais estreito,
Entrecortado - de ambos os lados, assimetricamente -
Por traços róseos como as cachoeiras.
Rios formados por elas?
Porosidades do solo fértil estéril?
É um solo de não-solo, tão cheio quanto as
Montanhas sobre as cachoeiras rosadas.
De volta à invertida geometria,
Uma cerca que tudo cerca sem cessar,
Porque não vejo seu fim, nem seu começo,
Parece dar a volta pela volta,
Pelo lado, pela ontologia desse
Ser que não é, senão, não-ser.
Uma estátua congelada num olhar penetrante e
Angustiado. Desencantado.
Desesperado(r).
O ente vivente que só vive no contato
Com o outro. Pelo outro.
Estendo o olhar uma vez mais ao caminho
Já conhecido, já mencionado,
Vejo-o fendido. Jaz aberto, rompido,
Mas é pouco. Ou eu não vejo.
Estou longe. Parece pequeno.
Algo escapa às cachoeiras,
Pelo lado esquerdo - ou direito,
Revoluciona o mundo; é final -
Mas o que seria?