Outro passarinho
Enquanto Mário passarinha;
Eu, pássaro sem ninho,
Voo com o passaredo
Num redemoinho.
Confundo o passarinheiro,
Me desvio das pedras do caminho
E de lambuja, amiúde,
Finjo que também passarinho.
Assim, desfaço o seu laço,
Estrangulo o nó da poesia;
Da garganta do texto
Ouço um gemido insano
De quem perdeu a fantasia;
A que fizera para dançar
No carnaval da sintaxe.
Arrimo as letras, desarrumo a rima,
Arraso a semântica
E ainda assim, saio por cima.
Carlinhos Matogrosso