ESPELHO

Tamanho é o fogo

no jogo da vida.

Na disputa pelo todo,

driblo o tédio

naquilo que julgo.

No acúmulo do lodo,

experimento o alívio,

pela presença do rodo.

Pelo ego invento

no espaço mudo

do acre nojento,

nesse mundo ocre.

Habito o vácuo,

no fundo do túnel;

mudo de hábito,

no centro do nada,

onde a fome é constante

e a lama pujante

é o espelho do povo,

o purgante da vida,

o expurgo dos ecos,

o reflexo do caos,

numa imagem real,

da mísera existência,

do tempo atual...