Precariamente humano
Perdido no breu das docas
Entre mansões , malocas ,
Bibocas e bibiquês;
Sou o único que sabe que está vivo
E vivo pensando nisso.
No bailar da vida, bem ou mal vivida,
Sou homem, jovem, velho, mulher ou criança.
-Concede-me uma contra-dança?
Não sou apenas um animal de tetas,
Mas o elemento que doou a costela
E também a própria, dele ou dela.
Dizem que eu sou eu e que jacaré é um bicho;
Mas eu nem me licho com esse lixo.
Gosto de um bom caviar, mas, ao mesmo tempo,
Cavo xepas em outro lugar;
Imagem de Deus? Ha ha ha...
Sou o mal, muito mau e precariamente,
Porque o bem também está na minha semente;
Mato a cobra e não mostro o pau;
É que, vêz em quando, quando me recobro,
A cobra é o próprio pau.
Mato também a mata o mato, a terra, as águas...
Tudo por petróleo e ouro e, em paz, me recolho;
Sou um parasita suicida que adora a vida!
Enquanto figura da incompletude e incoerência,
Às vezes, crio o mito,
Outras, acredito na própria ciência.
Tô aqui... Matutando com meus botões:
Desde os áureos da infância que sou criança.
Posso até destruir o verde
Sem, contudo, perder a esperança.