Amores Esparramados
Embaraçados caminhos
Desalinhados destinos
Desatinos desvairados
Desejos inacabados
Vertem vidas nas clareiras
Quando acorda a esperança
Vem a menina de tranças
Com o destino traçado
Desatam os nós dos limites
Nos gritos perdidos na noite
Açoite que fere a fera
Enjaulada nos disfarces
Ao tempo que todo o tempo
Vive a expelir os lamentos
Lamúrias ecoam ao vento
Onde bailam as gaivotas
Distantes dos negros abutres
Perdidos nas trevas do ontem
Embaraçam as borboletas
Retidas nas frias teias
Caminhos sem volta à vida
Desalinhados suplícios
Destino que trás a morte
Desatinos esparramados
Na tal roleta da sorte
Esvaem os loucos sonhos
Desvairados sentimentos
Inacabadas vontades
Sufocadas sem alardes
Nos disfarces do viver
Desejo de amanhecer
Sobre o tapete da relva
Distante da dura selva
Emaranhada de medos
Sufocado o coração
Nas ruelas da saudade
Realidade, dualidade
Vida e Morte
Roleta que o tempo domina
Temporal que alucina
Vida e Morte
Rol, rocas, roletas, rolos
Tosco consolo
Esperança de costas
Dor - vencidos, vencedor
Dicotomia do amor
Suor que verte o sangue
Dos amores esparramados
Alucinados desejos
Neste existir de costas
Nesta inglória disputa
Onde ninguém vence a luta
Muito menos as apostas
Roleta que o tempo domina
Temporal que alucina...
(Ana Stoppa)